Por Que Se Alegrar Por Ter Passado Pela Provação?

“Meus irmãos , tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações”. (Tiago 1.2)
Passardes – (do verbo grego peripésete, 2ª pessoa do plural (vós) do 2º aoristo ativo do modo subjuntivo de Peripitw, que significa cair no meio de; ficar cercado de; dar em ou ir ter a um lugar acidentalmente; encontrar-se em. Temos então para o texto: “que vós passasseis ou que vós tivésseis passado”).

Não teríamos então no texto uma exortação à busca de novas provações, mas ter por motivo de alegria o ter passado por várias delas que contribuirão para o amadurecimento espiritual. Certamente isto não exclui as que ainda poderão vir, e que certamente virão, mas tornamos a afirmar que não temos aqui um estímulo para que se busque provações ou tentações, até mesmo porque nosso Senhor nos ensina a orar ao Pai, para que não nos deixe cair nelas, ou seja, ser conduzidos a elas.
Várias – (do grego poikílois, que significa, variadas, diversas – a palavra poikílos é feminina no grego, e se encontra no caso locativo plural, conforme indicado pela desinência “ois” – assim temos “em variadas”.

Provações – do grego peirasmois, que significa tentações ou provações – a palavra peirasmós é masculina no grego, e se encontra também no caso locativo plural – assim temos “em provações” ou “em tentações”)
Como o que está em foco no argumento do apóstolo é a provação da fé, então temos uma melhor tradução com a própria palavra provação, conforme a achamos na versão atualizada da SBB, porque a par de toda tentação ser uma provação, nem toda provação da fé é uma tentação, como, por exemplo, a que Deus submeteu a Abraão em relação a seu filho Isaque, quando lhe pediu que o oferecesse em sacrifício.
Deus a ninguém tenta, conforme o próprio Tiago vai afirmar mais adiante nesta sua epístola.
Então as tentações são produzidas por outros agentes, especialmente o diabo, e também por nossas próprias cobiças.

O apóstolo diz que estas variadas provações são para motivo de alegria, não que sejam uma fonte de alegria em si mesmas, mas no bom resultado para o qual contribuirão posteriormente, como por exemplo o refinamento e confirmação da nossa fé.
Thomas Manton disse com propriedade:
“O cristão vive acima do mundo, porque ele não julga de acordo com o mundo. O desprezo do apóstolo Paulo por todos os acidentes deste mundo é decorrente do seu julgamento espiritual a respeito deles: Rom 8.18 “Tenho por certo que as aflições deste mundo presente não podem ser comparadas com a glória a ser revelada em nós”.

E ainda:
“As aflições para o povo de Deus não somente são uma ocasião para ministrar a paciência, mas muita alegria. O mundo não tem razão para pensar sobre a religião de Cristo de um modo negro e sombrio: como diz o apóstolo, “A fraqueza de Cristo é mais forte que a força dos homens”(1 Coríntios 1.25), o pior modo da graça é melhor do que o melhor do mundo; “toda a alegria, quando em diversas provações”. Um cristão é uma ave que pode cantar no inverno, bem como na primavera, ele pode viver no fogo como na sarça de Moisés, que ardia, e não ser consumido. O conselho do texto não é um paradoxo, criado apenas para noção e discurso, ou alguma fantasia, mas uma observação, construída em cima de uma experiência comum e conhecida: este é o modo de os crentes se alegrarem por suas provações.

Certamente um espírito abatido vive muito abaixo da altura dos privilégios e princípios cristãos. Paulo, em sua pior condição sentiu uma exuberância de alegria: “Estou me regozijando”; e também, em outro lugar ele foi mais longe ainda ao dizer: Rom 5.3: “nos gloriamos nas tribulações” que denota uma maior alegria. 2 Cor 6.10 é o lema de Paulo “contristados, mas sempre alegres”, e este pode ser o lema de todo cristão.”

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