Foi-me Bom Ter Sido Afligido

“Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos” – Salmo 119:71
ser humano  gosta de conforto e regozija-se no descanso. É comum pensar que os momentos de alegria e de calmaria são bons e fruto de um caminho da aprovação de Deus, enquanto que os momentos de tristeza e aflição servem para punição daqueles que se desgarram. Enxerga-se com superficialidade tais momentos da vida e somente com uma visão mais profunda e focada podemos entender o sentido das aflições que passamos.
O salmista descreveu a aflição que passou como algo positivo em sua vida. Ele enxergou o motivo da aflição como algo provocado para seu ensino e edificação, não como punição. Deus não se alegra em punir alguém, mas em educar seus filhos: “e já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija?” – Hebreus 12:5-7.
Uma vida calma e tranquila não representa, necessariamenteaprovação de Deus. Lembram do que descreveu o salmista no Salmo 73? Ele diz: “Quanto a mim, os meus pés quase resvalaram; pouco faltou para que os meus passos escorregassem. Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios. Não há apertos na sua morte; o seu corpo é forte e sadio. Não se acham em tribulações como outra gente, nem são afligidos como os demais homens. Pelo que a soberba lhes cinge o pescoço como um colar; a violência os cobre como um vestido.” Salmo 73:2-6.
Os sofrimentos têm seu papel para nosso crescimento espiritual, assim como os momentos de alegria. Os momentos de alegria enchem o coração de refrigério, paz e alívio, enquanto que os momentos de dor quebram nosso orgulho, dobram nossos joelhos e nos fazem ver que só o Senhor é Deus e não há outro. Um homem pode se sentir auto-suficiente enquanto se multiplicam os momentos de prosperidade, mas cai em si quando sua incapacidade lhe é revelada.
Na dor aprendemos a depender mais de Deus do que de nós mesmos. Quando uma pessoa está doente, ela deixa de confiar em sua condição física e passa a confiar no médico que pode receitar o medicamento adequado. Antes da doença essa pessoa  nunca tinha ido ao médico, pois confiava que seu corpo era forte e não necessitava de marcar uma consulta. Agora precisou deixar de lado seu primeiro pensamento e chamou o doutor o mais rápido possível. Da mesma maneira as angústias e dores, tristezas e aflições funcionam como um estímulo que nos impele a depositar nossa confiança Naquele que cura toda enfermidade: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos” Mateus 9:12.
Os sofrimentos fazem muitos virem a Cristo e muitos permanecem em Cristo devido a essas mesmas aflições. Infelizmente existem pessoas que facilmente se afastariam do Senhor se tais condições não existissem. Mesmo na dor existe um propósito, ainda nela existe uma graça de Deus para nosso bem.
É claro que ninguém gosta de passar pelo “vale da sombra da morte” Salmo 23:4, mas passando por ele aprendo que “não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” Salmo 23; ninguém quer afundar em um “charco de lodo” ou sentir-se em uma “cova de destruição” Salmo 40:2, mas enquanto estive nessa situação aprendi que “esperei com paciência pelo Senhor e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” Salmo 40:1 e somente Ele “pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos” Salmo 40:2. Passamos por tudo isso para nosso próprio proveito e para um bom fim. Aprendemos mais nesses momentos do que em qualquer outro. Nas nossas fraquezas é aperfeiçoado o poder de Cristo!
“E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte” II Coríntios 12:7-10.

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