O poder do hábito

Como se estabelecemos hábitos
Qualquer ato de alguém, seja bom ou mau, não forma o caráter. Mas os pensamentos e sentimentos acariciados preparam o caminho para atos e feitos da mesma espécie.
É  pela repetição de atos que se formam os hábitos e o caráter é confirmado.
Tempo para estabelecer hábitos bons
Nos primeiros anos de vida que o caráter é formado. Os hábitos então estabelecidos têm mais influência do que qualquer dote natural em tornar os homens, gigantes ou anões no intelecto; pois até os melhores talentos podem pelos hábitos maus tornarem-se pervertidos e enfraquecidos. Quanto mais cedo na vida alguém contrai hábitos prejudiciais, com tanto mais firmeza estes conservarão sua vítima na escravidão e  mais certeza eles abaixarão sua norma de espiritualidade. Do outro lado, se se formarem hábitos corretos e virtuosos na juventude, esses geralmente determinarão o rumo de seu possuidor por toda a vida. Na maioria dos casos, verificar-se-á que os que na vida posterior reverenciam a Deus, e honram ao direito, aprenderam essa lição antes que houvesse tempo para o mundo estampar suas imagens de pecado na alma. Os de idade madura geralmente são tão insensíveis às novas impressões como a rocha endurecida, mas o jovem é suscetível de receber impressões.
Hábitos podem ser modificados, mas raramente mudados
O que a criança vê e ouve produz impressões profundas na mente tenra que nenhuma circunstância posterior da vida poderá desfazer completamente. O intelecto está agora tomando forma e os afetos recebendo direção e força. Atos repetidos em dado sentido tornam-se hábitos. Esses podem ser modificados por uma educação severa, na vida posterior, mas raras vezes são mudados.
Uma vez formados, os hábitos tornam-se cada vez  mais firmemente arraigados no caráter. O intelecto está continuamente recebendo sua forma das oportunidades e vantagens bem ou mal aproveitadas. Dia a dia, formamos caráter que põe os estudantes como soldados bem disciplinados, sob a bandeira do Príncipe Emanuel, ou, como rebeldes, sob a bandeira do príncipe das trevas.Qual será?
Esforço Perseverante
O que uma vez nos aventuramos a fazer, somos mais aptos para fazer outra vez. Os hábitos de sobriedade, domínio próprio, economia, minuciosa atenção, conversa sadia e sensata, paciência e verdadeira cortesia não se formam sem vigilância diligente e contínua sobre o eu. É muito mais fácil tornar-se corrompido e depravado do que vencer os defeitos, conservando o eu sob controle e mantendo as verdadeiras virtudes. Exigir-se-ão perseverantes esforços se as graças cristãs jamais forem aperfeiçoadas em nossa vida.
Crianças Corrompidas Põem Outras em Perigo
Os pais tementes a Deus deliberarão e planejarão quanto à maneira de educar os filhos em hábitos corretos. Escolherão companheiros para os filhos, em vez de deixar que estes, em sua inexperiência, os escolham por si mesmos.
Se, na primeira infância, os filhos não são perseverante e pacientemente educados no caminho direito, formarão hábitos maus. Esses hábitos se desenvolverão em sua vida futura e corromperão aos outros. Aqueles cuja mente recebeu um molde inferior, e que tem sido barateada pelas influências errôneas do lar, pelas práticas enganosas, levam consigo seus maus hábitos por toda a vida. Se professarem uma religião, esses hábitos se revelarão em sua vida religiosa.
O Rei Saul, um triste exemplo
A história do primeiro rei de Israel apresenta um triste exemplo do poder dos maus hábitos nos verdes anos. Em sua mocidade Saul não amou nem temeu a Deus; e aquele espírito impetuoso, não adestrado à submissão em seus primeiros anos, estava sempre pronto para rebelar-se contra a autoridade divina. Aqueles que em sua juventude acalentam uma santa consideração pela vontade de Deus, e que fielmente cumprem os deveres de seu cargo, estarão preparados para o serviço mais elevado na vida posterior. Mas os homens não podem perverter as faculdades que Deus lhes deu durante anos, e então, quando quiserem efetuar uma mudança em si, encontrar tais faculdades frescas e desembaraçadas para seguirem um caminho inteiramente oposto.
A criança pode receber instrução religiosa sadia; mas se os pais, professores ou tutores permitirem que seu caráter seja influenciado por um hábito mau, esse hábito, se não for vencido, se tornará uma força predominante; e a criança estará perdida.
As pequeninas ações são importantes
Cada atitude tem caráter e importância duplos. É virtuosa ou viciosa, certa ou errada, segundo o motivo que a impele. Uma ação errada, pela repetição freqüente, deixa uma impressão perene na mente de quem a pratica, e também na dos que com ela estão ligados em qualquer relação, seja espiritual ou temporal. Os pais ou professores que não dão atenção às pequeninas ações erradas estabelecem esses hábitos na juventude.
Cumpre aos pais lidarem fielmente com as almas a eles confiadas. Não devem animar nos filhos o orgulho, o desperdício, ou amor da ostentação. Não lhes devem ensinar, nem consentir que aprendam pequenas travessuras que parecem divertidas nos pequeninos, mas que terão de desaprender e pelas quais terão de ser corrigidos quando forem mais velhos.
Pequenos gracejos e erros podem parecer divertidos quando a criança ainda é um bebê, e podem ser permitidos e incentivados, mas, à medida que a criança cresce, tornam-se motivo de desgosto, e ofensivos.
Os maus hábitos são mais fáceis de formar
Todo o conhecimento que possam adquirir jamais desfará o mau resultado da disciplina frouxa na meninice. Uma negligência freqüentemente repetida forma o hábito. Um ato errado prepara o caminho para outro. Os maus hábitos são mais fáceis de formar que os bons, e são mais difíceis de abandonar.
As crianças novas, deixadas a si mesmas, aprende o mal mais depressa que o bem. Os maus hábitos se harmonizam melhor com o coração natural, e as coisas que elas vêem ou ouvem na infância e na meninice, são-lhes profundamente incutidas na mente.
Os primeiros atos decidem a vitória ou a derrota
Seremos individualmente, para o tempo e a eternidade, o que os nossos hábitos fizerem de nós. A vida dos que formam bons hábitos e são fiéis no cumprimento de todo o dever será como luz brilhante, lançando raios vivos na senda dos outros; caso, porém, haja condescendência com hábitos de infidelidade, se se permitem fortalecer os hábitos frouxos, indolentes e descuidados, assentará sobre as perspectivas dessa vida uma nuvem mais sombria que a meia-noite, a qual excluirá para sempre a vida futura.
Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser adquirido então o domínio próprio. Exercem-se, no círculo de família, ao redor da mesa, influências cujos resultados são duradouros como a eternidade.
Acima de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos decidem se a pessoa será vitoriosa ou vencida na batalha da vida.

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