O primeiro homicídio da humanidade é um capítulo à parte na história. Que pese o fato de que foi cometido entre irmãos, e que a Bíblia faz questão em detalhar a situação, de modo que é possível traçar um perfil do assassino de Abel, seu irmão mais novo.
Dois sentimentos ficam explícitos na personalidade de Caim:
Inveja, porque a oferta de seu irmão foi considerada melhor que a sua.
Ciúme, porque Deus deu mais atenção para Abel.
Inveja e ciúme são obras da carne. Não fazem parte da personalidade de Deus e, portanto, devem ser combatidas sempre que derem às caras.
Para entendermos melhor, devemos analisar o próprio paralelo que a Bíblia traça entre os dois irmãos.
Ao ofertar, Caim trouxe uma oferta comum para Deus. Quando Abel trás sua oferta, a Bíblia faz questão em explicitar que não se tratava de uma oferta comum, mas dos primogênitos, ou seja, os primeiros nascidos. As primícias. Ofertar das primícias é um ato de fé. As primeiras ovelhas que nasceram no rebanho de Abel ele ofertou a Deus. Ele não tinha como saber se iriam nascer outras ovelhas, mas resolveu ser greto assim mesmo.
Enquanto a oferta de Abel foi com fé e zelo, a de Caim foi sem compromisso. Caim quis ofertar do seu jeito. Abel procurou o jeito que agradasse a Deus.
Observe nos versículos 4 e 5 as frases:
“E atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para sua oferta não atentou”.
Fica claro que Deus atenta primeiro para o homem e depois para a oferta. Nada que possamos oferecer a Deus pode comprá-lo. Ele não receberá uma oferta de procedência duvidosa (Deuteronômio 23:18), nem aquela dada como se fosse uma obrigação incômoda (II Coríntios 9:7).
Observemos Caim mais detalhadamente.
Ele teve inveja de seu irmão. A inveja é um sentimento que anda junto com a vaidade. É a insatisfação com a própria vida. A pessoa invejosa não consegue ver as bênçãos que Deus está derramando sobre elas, e estão sempre querendo as bênçãos alheias. Assim foi Caim. Se tivesse reconhecido que Deus era o responsável pelo sucesso de sua semeadura, não teria problemas em lhe trazer as primícias da terra, como o fez Abel.
Ciumento, não aceitou ver Deus dar mais atenção ao seu irmão. Ciúme é a característica de quem é possessivo. De quem se acha dono das coisas. Deus é única pessoa no universo que pode se achar dono de alguma coisa (Deuteronômio 10:14). O ciúme é tão perigoso que turva a visão das pessoas. Caim não percebeu que Deus o amava também, que se preocupava com ele. O ciúme nos torna injustos. Por isso Jesus Cristo chama Abel de justo (Mateus 23:35).
Vejamos o que esses dois sentimentos, quando fora de controle, podem causar em uma mente.
1. Caim teve tempo para se arrepender.
Deus conversou com ele. A decisão de matar seu irmão não foi de uma hora para outra. O Senhor explicou o que estava acontecendo, porque não havia atentado para sua oferta. O motivo: a conduta de Caim (Gênesis 4:7). Além da oferta de Abel ter sido melhor, Abel se comportava melhor. E Deus age assim até hoje.
Veja o texto em Números 16:15.
Duas ovelhas suas podem lhe trazer suas ofertas, mas ale atentará não para a oferta maior, mas para a oferta dada com uma atitude adoradora. Um exemplo claro disso está na clássica passagem da oferta da viúva, onde, aos olhos de Deus, duas moedas valeram mais do que as enormes quantidades de ouro e prata que eram depositadas no gazofilácio do templo. Deus olha primeiro para dentro de nós, depois resolve se aceita nossa oferta ou não.
Essa é uma lição de ser aprendida até os dias de hoje, porque as pessoas preferem crer em sua própria justiça.
2. Caim não deu ouvidos à repreensão.
Cego, não percebeu que o Deus só o estava repreendendo porque lhe amava (Hebreus 12:6-9). E isso é o que diferencia ovelhas de bodes. Adoradores de enganadores. Joio de trigo. A capacidade de receber a exortação da Palavra de Deus como uma forma de edificação. Só verdadeiras ovelhas convivem bem com a Palavra de Deus, quer ela diga o que queiram ouvir ou não.
3. Caim premeditou o delito.
Uma das coisas que melhor caracteriza a maldade é a premeditação. É quando nos preparamos para pecar. É o planejamento do delito. O modo como Davi agiu em relação a Urias. O modo como Jezabel agia. Judas. A Bíblia mostra que a maldade premeditada recebe de Deus atenção especial. Caim, assim como Davi e Judas, recebeu sua punição sem tempo do pecado esfriar, cair no esquecimento.
4. Caim inaugurou a era das casas divididas.
Em Mateus 10:36 Jesus faz essa surpreendente afirmação: “Os inimigos do homem serão os seus familiares”. A questão é: que culpa teve Abel em tudo o que aconteceu? Que culpa temos em servir a Deus com dedicação e com isso chamarmos sua atenção, enquanto alguém que está ao nosso lado trata Deus de qualquer jeito ou ainda com um coração dividido e nada consegue? É justo essa pessoa se irar contra nós? Não. Mas é o que acontece.
Se alguém demonstra mais amor pelas coisas de Deus que outras pessoas e são olhadas por isso – o que é mais do que justo – acabam despertando (como em Caim) a inveja e o ciúme em outras pessoas, sendo que a essas últimas só restam duas alternativas: agirem com sinceridade com Deus ou seguir o caminho de Caim, perseguindo aqueles que estão no caminho certo. E é impressionante como isso ocorre dentro das casas.
É o que chamamos síndrome de Caim, que é sempre procurar alguém para que possamos transferir a culpa pelos nossos fracassos. Uma característica que, ao que parece, ele herdou de seu pai.
Fonte:http://estudos.gospelmais.com.br/
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